Encerramento

Ainda bem que voltaste
caí à terra dura
a realidade queimou-me as asas e a inspiração morreu
este blog encerra hoje...
e com ele Eu.
ficam histórias antigas
poemas perdidos
amores de mentira
confrontações sociais
constatações
frustrações

Mulher de Vermelho Encerrado...

sinto-me como um porto sem-abrigo
alvorada de ausencias
sol de desvaneios e calor que entra
estou crente das mentiras deste inverno
sou realmente uma nevoa tenue no teu peito
e esqueceste-me

já nao sei quem sou

sou apenas um coração velho asfaltado de novo
com brechas abertas por antigas raízes revelando o fogo de outrora
nota-se a profundidade dos estragos das árvores seculares e vê-se lá ao fundo além a acenar
mal consigo ouvir o que diz mas sei que é importante.
parece um duende visto daqui de tão pequeno
quer fazer chegar uma mensagem para mim mas a sua pequenês dificulta-o
com o prestar da minha atenção ele parece crescer mas depois a vida continua e estou cada vez mais longe.
a memória escapa-me mas sei que lhe reconheci amor num dia distante
de tempos a tempos lembro-me de olhar para as fissuras do coração e lá está ele,
acenando...

Tarde nublada

Inicio de tarde nublada que avizinhava o Outono brejo
as folhas ao vento ainda me soavam a mar
mas estou num prado lunar
e nesta tarde onde as pessoas se parecem esconder,estou só

As primeiras gotas caem frias e a terra está sedenta delas
o pó assenta
as lareiras acedem-se
os gatos sentam-se perto delas

com vida, sem alma
penumbro em silêncio esperando um raio de sol figurativo
custa-me esboçar um sorriso
custa-me alcançar e perceber que ainda há esperança

De nós dois falo bem sabes
espero-te, esperas-me
mas não sabemos mais que isso
nem ninguém.

meu novo passatempo

desenhar mandalas, relaxa-me imenso...

A ti

Entre brumas sonhava com uma musica deambulante,
uma pauta interlaçada nas nuvens e notas a saltitar.
Era criança...
não quis olhar o mundo de outra forma
mostravam-me a terra mas eu só via os pássaros
que melodiavam entre o céu e que dormiam nas árvores
Sinceros amantes, tenores afinadíssimos
Eles sim ocupavam o meu tempo e a minha imaginação
Muitas vezes haviam gatos espertos à espreita a ver se os apanhavam e eu gritava:
XÔ.XÔ DAQUI, deixem-nos cantar e esvoçar.

Nunca percebi os caçadores que calam tal melodia
e espero, meu amor, que sempre ouças o que eu consigo ouvir.

entardecer

Não me provoques deslumbramentos vãos
Encarcerei-me junto a ti e nem a mágoa, nem a saudade de afasta
Não me escrevas canções de amor que o mundo já sabe que me tens
Afastarei sinceros amores para cair em tuas graças
mais tarde, mais cedo
ao entardecer da penumbra amorosa que me prometeste
cobrarei de ti todos os sentidos, arrepios, fraquezas
e nunca mais me verás.

air plants...

quem me dera ser como elas!

Sala de espera

Já não sou desse tempo,
já não pertenço
ao tresloucar da efemera juventude,
ao relento do amor de sangue e carne,
à vida cheia e vazia ao mesmo tempo.

Sou concretizações,segurança e estabilidade.
Já não sou desse tempo
em que o amor prevalecia e o coração falava.
Já não sou quente nem frio,oito ou oitenta;
Já não sou água agitada de encontro ao mar...

Juro que tenho saudades e que choro
eu não perdi mas já não sou temporada nos braços de um desconhecido
lá se foram os meus dotes com o tempo
e reconheço que já fui mais bela
mas o corpo não pára se apodrecer.

pedrinha

A verdade é que sempre me lembro de brincar com a minha sombra,estava sempre pelo pátio da casa a brincar com a luz do sol ou com a luz dos candeeiros quando caía a noite. Fazia sombras no chão ou na parede branca da nosso casa. fazia sombras de animais para fascinar a minha pequena irmã, com as minhas mãos ainda tão pequenas...quando algum adulto aparecia por perto eu escondia as mãos atrás das costasSó havia uma pessoa que realmente me parecia admirar ao longe com um sorriso, sem me incomodar como se fosse um olhar marcado nas minhas costas tão forte que me sentia observada e olhava à volta para saber se ainda aí estava.(tenho a pedrinha à espera que a venhas buscar)