terça-feira, 22 de dezembro de 2009

70% adult


O homem ou o rato?

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O encantador de sombras



Cap. I

A verdade é que sempre me lembro de brincar com a minha sombra, era quase um irmão para mim. Os meus pais eram demasiado independentes para terem mais que um filho e eu vivia sozinho pelo pátio da casa a brincar com a luz do sol ou com a luz dos candeeiros quando caía a noite. Fazia sombras no chão ou na parede branca da nosso casa. Comecei por fazer sombras de animais que via com as minhas mãos ainda pequenas mas quando algum adulto aparecia por perto eu escondia as mãos atrás das costas tentando disfarçar. Só havia uma pessoa que realmente me parecia admirar ao longe com um sorriso, sem me incomodar. A Matilde. A Matilde era quem tomava conta de mim quando os meus pais não estavam em casa e de vez enquando ela ensinava-me a fazer figuras novas.
Acabava sempre o meu dia do mesmo modo, na minha cama, com uma pequena vela acesa e enquanto ela de ia queimando e derretendo eu brincava. Inventava histórias de montros aquáticos que comiam todos os animais da terra e ia fazendo-os um a um com as sombras contrapostas na parede do meu quarto depois soprava a vela apagando-a e adormecia.
A fase do dia em que gostava mais era quando a Matilde chegava, cedo ela preparava um lençol branco estendido contra o sol e às vezes, quando ela não tinha mais tarefas, pedia-me para lhe contar histórias e eu adorava ter público. Sentia-me até nervoso e esperava que ela batesse palmas no final, depois abraçava-a e perguntáva-lhe e ela tinha gostado.
No dia em que fiz 6 anos, tive os presentes do meu pai como sempre e uma festa em familia mas o melhor presente que recebi foi às escondidas de todos. A Matilde chamou-me para trás da casa das ferramentas de jardinagem e ofereceu-me um dragão chinês de cartão seguro por um pauzinho, olhei o presente e só depois percebi que era para usar nos teatros de sombras naquele lençol estendido e sorri abraçando-a. Ela pediu.me segredo, porque os meus pais não queriam que me incentivassem e eu obedeci. Escondi o dragão chinês debaixo da almofada e só o tirava nos dias em que via pela janela da cozinha aquele lençol estentido contra o sol.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Amanhã em casa

Fugi de casa tinha 13 anos,
foi o meu primeiro amor
fugi porque estava apaixonado
mas não fugi com ela
Fugi daquele amor.
Amanhã volto para casa,
acho que já não posso fugir mais
Ela já nem deve lembrar a minha fraca figura juvenil
Agora sou um homem igual a tantos que andam por aí e
nem eu próprio saberei reconhecê-la.
Agora deve ser uma mulher igual a tantas outras
e eu não saberei reconhecê-la
pelo menos não no rosto
já que nestes anos a reencontrei em todas as mulheres com quem estive
ou pelo cabelo igual, ou apenas uma expressão mas reconhecia-a em todas elas
houve vezes em que troquei-lhes o nome pelo dela
um engano comum para mim já que não me saía do pensamento
Não que tenha sido um grande amor ou a mulher da minha vida
mas pensava que o podia ter sido
eu sempre fui um iludido
imaginava-a sentada nas escadas do alpendre a fazer festas a um gato
imaginava-a na cama comigo a olhar para mim,a sorrir...
era eu que era iludido.
Mas amanhã estou em casa e as ilusões
essas ficam perdidas.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009